Tenho verdadeira e incorrigível fixação por trios de piano, contrabaixo e bateria. Se tocarem standards… melhor ainda!.O pianista Eddie Higgins tinha um quarteto que depois virou, o trio, ai este meu velho fascinio, tomou proporções mais incontroláveis ainda.
Sobre este fascinante pianista disse uma vez Herb Nolan: «O seu estilo é descontraído e cheio de swing, com um toque de delicadeza que recorda Hank Jones ou Bill Evans.»
Coloquei, para ilustrar meu texto de despedida dele, a capa de um de seus discos,o CD Bewitched, sem o bothered and bewildered, meu preferido, cujo tema é What a Difference a Day Made, escrito pela mexicana María Mendéz Grever em 1934. A letra, como a conhecemos (a original é em espanhol), é de Stanley Adams.
O versátil pianista Eddie Higgins, morreu no último 31 de agosto em Ft. Lauderdale, Flórida. Ele tinha 77 anos. A causa de sua morte foi um câncer. Higgins nasceu e cresceu em Cambridge, Mass.. Começou a tocar piano quando tinha 4 anos de idade. Após freqüentar a “Andover Prep”, onde seu pai ensinou, Higgins foi para Chicago estudar na “Northwestern University”. Ele continuou a passar seus anos formativos como um músico profissional da cidade, trabalhando com ótimos jazzistas do campo do “mainstream”.Por mais de dez anos, Higgins e seu trio atuou como a banda regular da “London House” em Chicago, frequentemente tocando com grandes jazzistas, como Coleman Hawkins, Stan Getz, Oscar Peterson, Bill Evans dentre outros. Durante sua estadia em Chicago, ele atuou em gravações lideradas por diversos jazzistas , incluindo Cannonball Adderley, Lee Morgan, Wayne Shorter, Freddie Hubbard, Al Grey e Jack Teagarden.
Um excelente acompanhante, Higgins gravou esporadicamente nos anos 60 como líder para selos pequenos como Vee-Jay, Replica e Atlantic.Retornou à area de “New England” em 1970. Higgins estabeleceu-se em Cape Cod , onde trabalhou como pianista e líder de bandas. Posteriormente, formou uma parceria, pessoal e profissional, com a cantora Meredith D’Ambrosio, com quem casou em 1988. Durante anos, gravaram juntos ou separadamente para a “Sunnyside”, bem como para a “Venus”, geralmente um CD por ano desde 1990, incluindo álbuns natalinos em 2004, 2005 e 2008.
Em uma resenha para a JazzTimes em 1997, Doug Ramsey considerou o terceiro álbum de Higgins para a “Sunnyside”, “Portrait in Black and White”, “um dos três mais impressivos discos de trio de piano em recente memória” . E acrescentou : “Higgins é menos um estilista do que um brilhante generalista que transita pela história da música, selecionando-a criteriosamente e refinando-a. Ele compôs seu toque, voz, relaxamento,inventividade e swing natural dentro de um enfoque que vem de todas as eras do jazz, sem fixar-se em nenhuma delas. Ao invés de enfraquecê-lo, seu ecletismo trouxe para suas improvisações foco, definição e determinação”.
D’Ambrosio e Higgins passaram a ser parte das sessões de jazz “mainstream”, bem como de cruzeiros jazzísticos. Na realidade, o casal estabeleceu-se na área de Ft. Lauderdale , pouco distante dos pontos de embarque de muitos cruzeiros.
Em 2006, “The Jazz Cruise” o elegeu para ocupar a sua Galeria da Fama. Um literato, Higgins muitas vezes escreveu as notas dos seus discos em um estilo delicadamente complexo e modesto. As cinzas de Higgins foram espalhadas em sua residência em Cape Cod, Mass.
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