Das 10 faixas de “Brazilliance x4”, oito são gravadas em estúdio e as outras ao vivo. Nestas duas, a composição do trompetista brasileiro Claudio Roditi , “Tema para Duduka”, e “Gemini Man”, em sequência até o final, são de longe as mais excitantes performances do disco.
O fato delas serem as mais longas, não deve ser mera coincidência. A oportunidade de apresentar-se no palco, aparentemente, dá ao trompetista Roditi e seus companheiros de banda, o pianista Hélio Alves, o baixista Leonardo Cioglia e o baterista Duduka da Fonseca, a licença de brilhar , que não têm no estúdio.Aquela reticência deve ter sido intencional.Roditi, em um informe à imprensa, reafirma este pensamento:"Não há nada elaborado aqui, mas é altamente prazeiroso”, e ele está certo.
Roditi, que no recente álbum “Impressions”, lançado em 2008, pôs sua agilidade em várias músicas de John Coltrane, encontrou aqui o seu suave toque, onde a tradição brasileira encontra-se com o jazz, transcendendo os gêneros , retendo a atratividade e apresentando algo muito bom. Há momentos no estúdio que seguem diversas direções, tornando o enfoque revelador.
Na música de Miles Davis,”Tune Up” e na de Raul de Souza,”À Vontade Mesmo”, o trompete e o flugelhorn de Roditi soam sensuais e ebulientes, movem-se para além da simples proficiência.Entretanto, as demais faixas são frequentemente sonolentas, e Roditi está acompanhado por uma seção rítmica que encontra poucas razões para realizar mais do que o requerido. Duduka da Fonseca tem o hábito de se alongar, e seus irregulares solos contaminam o clima das músicas mais de uma vez, e Leonardo Cioglia, salvo por algumas faixas, causa pouco impacto.O que salva a graça do disco é o pianista Hélio Alves, que não sente compulsão para reinar.
Os registros da maioria dos momentos eletrizantes em “E Nada Mais” e na brilhante “Song for Nana” , por exemplo, pertencem a ele.Com “Brazilliance x4”, Roditi apresentou um trabalho satisfatório, mas longe de ser uma gravação desafiadora.
Nota do Blog - A quinta faixa do disco, "Rapaz de Bem" do Johnny Alf, vale a audição.
Fonte : JazzTimes / Jeff Tamarkin
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