O saxofonista e compositor de jazz americano Ornette Coleman, nasceu no 9 de março de 1930, em Fort Worth, Texas. Coleman é um dos grandes inovadores do movimento do Free-Jazz dos anos 50 e 60. Iniciou sua carreira tocando rhythm and blues e bebop no sax tenor. Ao sair da sua terra natal, integrou-se em um show itinerante de variedades " The Silas Green from New Orleans".
Desde o início da sua carreira que a forma de tocar de Coleman era pouco ortodoxa. Seguia mais o seu ouvido relativo do que o bem comportado temperamento igual. O seu sentido de harmonia e progressão de acordes - muito menos rígido do que o dos músicos de swing ou bebop - era flutuante e, por vezes, apenas sugerido e não explícito. Muitos músicos de Los Angeles consideravam-no desafinado e Coleman tinha dificuldades em encontrar outros músicos que pensassem como ele.
Em 1958 realizou a sua primeira gravação, o disco "Something Else! The music of Ornette Coleman". Participaram do disco o trompetista Don Cherry, o baterista Billy Higgins, o baixista Don Payne e o pianista Walter Norris.
Parte da singularidade do som dos primeiros anos de Ornette Coleman devía-se ao fato de utilizar um saxofone de plástico. Coleman afirmava que tinha um som mais "seco", sem o "ping" característico do metal. No entanto, em anos mais recentes, vol;tou a utilizar um saxofone de metal.
Em 1960 gravou o disco "Free Jazz", onde apresenta um quarteto duplo incluíndo Don Cherry e Freddie Hubbard no trompete, Eric Dophy no clarinete baixo, Charlie Haden e Scott LaFaro no contrabaixo, Billy Higgins ou Ed Blackwell na bateria. O disco foi gravado em estéreo com cada um dos quartetos tocando isolado em cada um dos canais, isto permitia produzir passagens extraordinárias de improvisação coletiva de todos os oito músicos. "Free Jazz" tinha quase 40 minutos, sendo a mais longa sessão de jazz gravada até à data, e tornou-se, instantaneamente, um dos discos mais controversos de Ornette Coleman.
Coleman pretendia que "Free Jazz" fosse apenas o título do álbum, mas a sua crescente reputação colocou-o no primeiro plano da inovação jazística e, passado pouco tempo, o free jazz era considerado um novo género, embora Coleman tenha demonstrado reservas em relação ao termo.
Uma parte das razões porque Coleman não se sentia bem com o termo free jazz prendía-se com a importância da composição na sua música. As suas melodias fazem lembrar as que Charlie Parker escreveu e estão, de modo geral, mais perto do bebop que o antecedeu do que se imagina. Apesar disso, Coleman quase nunca tocava standards, concentrando-se nas suas próprias composições, que se sucediam num fluxo ininterrupto.
Em meados dos anos 90, assistimos a um assomo de atividade de Ornette Coleman. Entre 1995 e 1966 gravou quatro discos e trabalhou, pela primeira vez em muitos anos, com pianistas, entre os quais, Geri Allen e Joachim Kuhn.
Em setembro de 2006 lançou o álbum ao vivo "Sound Grammar" com o seu mais recente quarteto, com Denaro Coleman na bateria e dois contabaixistas: Gregory Cohen e Tony Falanga. Foi o primeiro disco com novo material em dez anos. Ganhou o Prêmio ulitzer de música em 2007.
Embora seja hoje um venerável ancião do jazz, Coleman continua a tocar regularmente e, muitas vezes, fazendo associações inesperadas com músicos jovens ou de culturas radicalmente diferentes.
Ornette Coleman influenciou virtualmente todos os saxofonistas e músicos de jazz da geração seguinte que admiram o seu esforço de descobrir, não só a forma do jazz, mas de toda a música que está para vir.
No 11 de fevereiro de 2007 recebeu o Grammy pelo conjunto da sua carreira. Ornette Coleman é um personagem que desafia classificações. Inventor do free jazz, Coleman pode ser um revolucionário, um iconoclasta, um visionário talvez - tudo menos um estilista "padrão" do jazz. Adora brincar com fogo, isto é, flertar perigosamente com o excesso, o mau gosto, a fragmentação, levando-nos desse modo (e é exatamente essa a sua intenção) a questionar tais conceitos.
Sua música é ora genial, ora trivial, ora concentrada, ora dispersiva, ora ambiciosa, ora despretensiosa.
Ornette Coleman, "Architecture in Motion"
Referencia - V.A. Bezerra.
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