Tuesday, December 15, 2009

STAN KENTON, UM BANDLEADER SINGULAR.

O pianista de jazz e bandleader Stan Kenton nasceu no 15 de dezembro de 1911 em Wichita, Kansas, foi nos anos 50 um dos bandleaders mais famosos nos Estados Unidos (talvez o mais famoso) do jazz norte-americano, e ainda hoje a sua orquestra é indiscutivelmente cult entre muitos amantes do jazz moderno. A música de Kenton é singular, porque se baseia numa vigorosa tentativa de fusão entre o jazz e a música erudita européia. Durante toda a sua carreira, ele se manteve fiel a suas convicções estéticas pessoais, e exerceu influência sobre muitos músicos.

O arranjador Pete Rugolo teve importância fundamental na cristalização do “som Kenton”. É inevitável ver analogias entre a colaboração Kenton-Rugolo, iniciada em 1947, e aquela que se estabeleceu entre outro bandleader e seu arranjador, a saber, Duke Ellington e Billy Strayhorn.
Mesmo os outros (excelentes) arranjadores com quem Kenton viria a trabalhar posteriormente haveriam de manter a marca imprimida por Rugolo.



Na música da orquestra de Kenton pode-se encontrar toques de impressionismo a la Debussy, expressionismo a la Stravinsky e mesmo uma certa grandiloqüência que evoca Wagner - tudo isso posto a circular no interior de um referencial jazzístico. Essa mistura agradou muito a um certo segmento do público, fazendo de Kenton uma celebridade. O fato de se tornar uma celebridade, por sua vez, agradou muito a Kenton, que sempre tratou de manter uma imagem de “líder bem sucedido”, inclusive vestindo-se impecavelmente como um astro de Hollywood.



Além do talento de Rugolo, é justo lembrar que Kenton também tinha a seu favor uma grande capacidade de organização, uma personalidade carismática e padrões elevados de qualidade técnica. Certamente também se beneficiou da presença de grandes solistas em sua orquestra: por exemplo, Lee Konitz, Bud Shank e Charlie Mariano ao sax; Maynard Ferguson, Conte Candoli e Shorty Rogers ao trompete; Frank Rosolino ao trombone; Shelly Manne à bateria e Eddie Safranski ao contrabaixo - para citar apenas alguns.



Para uns, o resultado do projeto musical kentoniano foi genial; para outros, foi pretensioso, megalomaníaco, esnobe, etc. Lembremos que críticas parecidas foram feitas a Dave Brubeck e ao Modern Jazz Quartet - outros expoentes da third stream (fusão clássico-jazz) e defensores da forma e da estrutura. A qualidade musical da música produzida pela orquestra de Kenton, porém, resiste ao teste do tempo. Parece certo que, dentro da história do jazz, a orquestra de Kenton certamente se coloca ao lado das de Woody Herman, Duke Ellington, Count Basie e outros, formando uma constelação de inesquecíveis “máquinas instrumentais”.



Stan Kenton e sua orquestra em "Malagueña".


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