O arranjador Pete Rugolo teve importância fundamental na cristalização do “som Kenton”. É inevitável ver analogias entre a colaboração Kenton-Rugolo, iniciada em 1947, e aquela que se estabeleceu entre outro bandleader e seu arranjador, a saber, Duke Ellington e Billy Strayhorn.
Mesmo os outros (excelentes) arranjadores com quem Kenton viria a trabalhar posteriormente haveriam de manter a marca imprimida por Rugolo.
Mesmo os outros (excelentes) arranjadores com quem Kenton viria a trabalhar posteriormente haveriam de manter a marca imprimida por Rugolo.
Na música da orquestra de Kenton pode-se encontrar toques de impressionismo a la Debussy, expressionismo a la Stravinsky e mesmo uma certa grandiloqüência que evoca Wagner - tudo isso posto a circular no interior de um referencial jazzístico. Essa mistura agradou muito a um certo segmento do público, fazendo de Kenton uma celebridade. O fato de se tornar uma celebridade, por sua vez, agradou muito a Kenton, que sempre tratou de manter uma imagem de “líder bem sucedido”, inclusive vestindo-se impecavelmente como um astro de Hollywood.
Além do talento de Rugolo, é justo lembrar que Kenton também tinha a seu favor uma grande capacidade de organização, uma personalidade carismática e padrões elevados de qualidade técnica. Certamente também se beneficiou da presença de grandes solistas em sua orquestra: por exemplo, Lee Konitz, Bud Shank e Charlie Mariano ao sax; Maynard Ferguson, Conte Candoli e Shorty Rogers ao trompete; Frank Rosolino ao trombone; Shelly Manne à bateria e Eddie Safranski ao contrabaixo - para citar apenas alguns.
Para uns, o resultado do projeto musical kentoniano foi genial; para outros, foi pretensioso, megalomaníaco, esnobe, etc. Lembremos que críticas parecidas foram feitas a Dave Brubeck e ao Modern Jazz Quartet - outros expoentes da third stream (fusão clássico-jazz) e defensores da forma e da estrutura. A qualidade musical da música produzida pela orquestra de Kenton, porém, resiste ao teste do tempo. Parece certo que, dentro da história do jazz, a orquestra de Kenton certamente se coloca ao lado das de Woody Herman, Duke Ellington, Count Basie e outros, formando uma constelação de inesquecíveis “máquinas instrumentais”.
Stan Kenton e sua orquestra em "Malagueña".
No comments:
Post a Comment