Wednesday, June 10, 2009

A MUSICA BRASILEIRA EMPOBRECEU.
O compositor e trombonista brasileiro Raul de Souza que desenvolveu o estilo “hot samba” faleceu, aos 93 anos, nesta segunda feira no Rio de Janeiro.


Foi com o choro “Na Gloria” que Raul se tornou presença obrigatória na lista dos músicos que animavam os salões de dança, desde as antigas orquestras de gafieiras até o grupo de jovens que tocam hoje na Lapa carioca.

Infelizmente, apesar de todo seu talento e criatividade musical, vastamente valorizados no exterior, em casa, Raul jamais conseguiu receber o reconhecimento artístico que aspirava.


João José Pereira de Souza, nasceu em Campo Grande, subúrbio carioca e cresceu em Bangu, onde seu pai era pastor evangélico. Aprendeu pandeiro, bumbo, caixa e prato. Aos 16 anos de idade já tocava tuba na banda da Fábrica de Tecidos Bangu.


Em 1957 Raul grava pela primeira vez, com Altamiro Carrilho e a turma da Gafieira, que incluía o baterista Edson Machado, o violonista Baden Powell, o sax tenor Zé Bodega e o acordeon de Sivuca. “depois de algum tempo, acabei por gravar um disco – a minha primeira gravação - que ganhou o nome da turma da gafieira (com Altamiro Carrilho e outros músicos fantásticos).Em 1965, Raul grava “À Vontade Mesmo”, seu primeiro LP como solista, que tem a participação do baterista Airto Moreira, conhecido por Raul nos tempos de Curitiba. Em seguida, Raul vai à Europa acompanhando o pianista Luís Carlos Vinhas.


Raul permanece em Paris por um ano, trabalhando na boate Elephant Blanc e outras casas noturnas, inclusive o famoso clube de jazz Blue Note. Nessa temporada parisiense e nos quatro meses seguintes, como contratado do Casino de Monte Carlo, tem a oportunidade de tocar com grandes nomes de jazz, como o baterista Keny Clarke, um dos pais do bop.


Na volta, Raul traz consigo seu primeiro trombone de vara, que passaria a ser seu instrumento favorito.De novo no Brasil, Raul vai trabalhar por nove meses como integrante do RC-7, conjunto reunido por ele para acompanhar o cantor Roberto Carlos.


Em 1968, monta o grupo instrumental Impacto 8, com o qual grava mais um disco. Um ano após, as dificuldades para ter seu trabalho reconhecido continuam e Raul parte para o México como integrante do grupo SamBrasil.


Em 1973 é convidado para uma turnê pelos EUA com Flora Purim e Airto Moreira. Ainda em 1973 Airto produz “Colors”, o primeiro LP americano de Raul de Souza, pelo selo Milestone, que tem arranjos do grande trombonista J.J.Johnson e participação do baterista Jack Dejohnette e do saxofonista Cannonball Adderley.


Este disco alavanca uma série de convites para participação de Raul em outras gravações (com Sonny Rollins, Caldera e outros) e o leva a constar da “Encyclopedia of Jazz”, do crítico Leonard Feather.


Depois de “Colors”, viriam mais três LPs : “Sweet Lucy” em 1977, “Don’t Ask My Neighbors” em 1978 e “Till Tomorrow Comes”, em 1979. Todos pelo selo Capitol - os dois primeiros produzidos por George Duke.Raul de Souza se consagra como compositor e instrumentista : durante sua longa temporada nos EUA, tocou e gravou com alguns dos melhores músicos americanos, como Carl’ Tjader, Cannonball Adderley, Azar Lawrence, Al Dejohnette, Lionel Hampton, Sarah Vaughan, Leon Ndugu Chancler, George Duke, Stanley Clarke, Ron Carter, Frank Rosolino, Sonny Rollins, Freddie Hubbard (que assina a elogiada apresentação de seu álbum “Sweet Lucy”, do qual participa), Hubert Laws e outros, além dos brasileiros Sérgio Mendes, Airto Moreira, Flora Purim, Hermeto Pascual, Milton Nascimento e Toninho Horta.


Raul também inventou um instrumento : o Souzabone, um trombone em dó com quatro válvulas, com maiores recursos que as tradicionais em si bemol com três válvulas. Raul desenhou e encomendou o instrumento, que vem utilizando a partir de seu LP “Don’t Ask My Neighbors”.


Entre os prêmios recebidos por Raul nos EUA, está o título de cidadão honorário de Atlanta, Geórgia. Em 1979, foi classificado pelo terceiro ano consecutivo entre os cinco melhores trombonistas de jazz, pelos leitores da revista Down Beat e considerado o número um, pelos da New York City Jazz Magazine.


No início de 2006 teve dois discos lançados pela gravadora Biscoito Fino – o CDs “Jazzmim” – gravado em Curitiba, com o grupo Na Tocaia e “ Bossa Eterna”.

A musica brasileira, desde ontem, ficou mais pobre.
R.E.P Raul.
Clique para ver e ouvir o baterista Airto Moreira e o trombonista Raul de Souza em ação.

No comments: