Sunday, April 25, 2010

PAULO VANZOLINI, UM HOMEM DE MORAL


O zoólogo e compositor brasileiro Paulo Emílio Vanzolini , nasceu no 25 de abril de 1924, em São Paulo e é o autor de sucessos como "Ronda" (ele acha um absurdo como o povo gosta desta música que ele destesta), "Volta por Cima" e "Na Boca da Noite".


É também um dos idealizadores da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Sào Paulo (FAPESP) e ativo colaborador do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, que com seu trabalho aumentou a coleção de répteis de cerca de 1,2 mil para 230 mil exemplares.



Criou a Teoria dos Refúgios a partir de estudos conjuntos com o geomorfologista Aziz Ab'Saber e com o americano Ernest Williams. Refúgio foi o nome dado ao fenômeno detectado nas expedições de Vanzolini pela Amazônia, quando o clima chega ao extremo de liquidar com uma formação vegetal, reduzindo-a a pequenas porções. Assim formam-se espaços vazios no meio da mata fechada. Vanzolini trabalhou no Instituto Nacional de Pesquisas Amazonicas - INPA em Manaus durante alguns anos na decada de 80, foi nesta época que tive o privilégio de entrevista-lo sobre zoologia. Timido, quase não fala de sua música.



Paulo Vanzolini foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem nacional do Mérito Científico. Em agosto de 2008, o cientista e compositor foi também premiado pela Fundação Guggenheim, em Nova York, em virtude de suas contribuições para o progresso da ciência. O mesmo prêmio foi dado a três outros cientistas brasileiros, em outras áreas além da biologia.


A grande novidade do momento acerca da Paulo Vanzolini é o lançamentoo que chega finalmente ao formato DVD do filme "Um Homem de Moral", de Ricardo Dias, sobre a música do zoólogo . O filme deveria ser, de fato, sobre répteis e congêneres, não fosse o seu protagonista o autor, entre outras, de “Ronda”, aquela que termina com o verso: “Cena de sangue num bar da Avenida São João”, ou ainda “Volta por Cima”, o magnífico samba que empresta um verso ao título do filme: “Um homem de moral não fica no chão...”.


Vanzolini é, ao lado de Adoniran Barbosa, o autor mais importante de uma São Paulo de outros tempos. Uma cidade já imensa, mas ainda gentil, com suas ruas, sua boemia e a sua gente séria e bem humorada. Suas canções são a cara e o coração das ruas e do povo paulistano. O filme, que amanhece e anoitece com a cidade em belíssimas imagens, tem o dom de esparramar para o espectador todo o talento, simpatia e até o lado ranzinza do autor. Um sujeito de extrema inteligência que não tem papas na língua e é capaz de versos geniais e melodias belas e elaboradas, apesar de não tocar nenhum instrumento musical.


As filmagens acontecem durante as gravações da caixa Acerto de Contas, onde vários intérpretes como Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Chico Buarque, Márcia (que eternizou “Ronda” em sua gravação original e repete a dose no filme com maestria), Miúcha, Paulinho Nogueira, Virgínia Rosa, Inezita Barroso entre muitos outros mostram as composições de Vanzolini. As imagens se alternam entre os números musicais e histórias impagáveis do compositor. O cientista, já com mais de oitenta e jeito indisfarçável de menino, recita versos, conta causos, desvenda suas criações e elogia parceiros. Tudo nele é pura modéstia no que se refere à música. Diz todo o tempo que nunca teve tempo para se dedicar às suas composições e construir uma carreira. Segundo ele, tudo o que fez é pura intuição.


Para ele, bom mesmo é o Elton Medeiros, que pegou uma composição sua que ele não gostava e, sem alterar nem melodia nem letra, mas apenas a divisão, a transformou em algo bom. Diz essas e outras sem se dar conta que praticamente todo o seu cancioneiro foi feito sem parceiro algum. São obras primas da nossa canção, que à medida que corre o filme emocionam e surpreendem o espectador que descobre o compositor e sua simplicidade por trás da canção e do intérprete.No momento em que sobem os letreiros e ainda falta fôlego nas cadeiras, a anônima cantora Suely Klkuchi, solitária num karaokê do centro da cidade, entoa com voz firme e aguda os versos de “Ronda”, entre os transeuntes, neons e a garoa. Um Homem de Moral é, de fato, um grande filme sobre um grande artista

Veja chamada do DVD "Um Homem de Moral"
O saudoso Jamelão canta "Ronda"
Referencia - Wikipédia/ Revista Forum /Julinho Bittencourt (Coluna Toques Musicais)

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