Sunday, December 30, 2007


IN MEMORIAM


OSCAR EMMANUEL PETERSON

* 15 de Agosto de 1925

+ 23 de Dezembro 2007



A alma de todos os aficionados por jazz mundo afora está de luto fechado pelo falecimento na cidade de Mississauga em Ontário no Canadá, de um dos mais expressivos ícones deste gênero musical fenômeno do século XX, o pianista e compositor canadense Oscar Peterson.
Seu amor pela musica foi despertado por seu pai Daniel Peterson, maleiro da estação de trem e musico amador auto-ditada. Começou com o trompete mas, depois de uma batalha na juventude contra a tuberculose, teve que optar pelo piano.
Nas décadas de 30 e 40 tornou-se a sensação de uma banda de jazz na sua cidade natal. Era a único negro da formação e por isso enfrentou situações de racismo que jamais conseguiu esquecer. Como conseqüência, já famoso, tornou-se porta-voz dos grupos minoritários e citava com freqüência a sua própria experiência pessoal enquanto crescia no bairro negro de St. Antoine em Montreal.
Rapidamente construiu para si uma reputação como virtuoso do piano em jazz sendo frequentemente comparado ao gênio Art Tatum seu ídolo na infância pelas habilidades técnicas e rapidez com que tocava o instrumento.
Durante sua profícua carreira que durou sete décadas, Oscar dividiu momentos de jazz com monstros sagrados do calibre de Ella Fitzgerald, Count Basie, Duke Ellington,Stan Getz, Troy Eldridge,Louis Armstrong e Dizzy Gillespie entre tantos outros.
Colecionou honrarias entre as quais vale a pena destacar a inclusão de seu nome no “Jazz Hall of Fame” e o Grammy por Lifetime Achivement (1997). Em sua platéia estiveram grandes personalidades e celebridades como a Rainha Elizabeth da Inglaterra e o Presidente dos Estados Unidos Richard Nixon.
A primeira exposição internacional surgiu depois que o produtor e idealizador do projeto da orquestra “Jazz at the Philarmonic” o suíço Norman Granz o ouviu tocando em uma radio em Montreal. Tornou-se seu agente e levou-o como a surpresa de um show Carnegie Hall em Nova York. O resto é pura história.
A parceria com Granz durou 30 anos e gerou memoriáveis gravações e inesquecíveis apresentações publicas por vários paises.
Em 1951 foi formado o primeiro trio composto por Oscar, o baixista Ray Brown (ex-marido de Ella) e o baterista Charlie Smith. Mas, a formação mais famosa foi a que atuou no período de 1953 e 1958 e que contou com a participação de Ray Brown e do guitarrista Ray Ellis. Ellis deixou o trio em 1958 e foi substituído por Ed Thigpen. Esta formação durou até 1965.
No final da década de 80 Oscar Peterson esteve no Brasil onde se apresentou com seu trio então formado por David Young no baixo e Martin Drew na bateria.
Em 1993 sofreu um acidente cérebro-vascular que afetou a sua mão esquerda, mas, depois de muita fisioterapia voltou a tocar e gravou o cd “Side by Side” com o maestro e violinista israelita Itzhak Pearlman.
Em entrevista a Radio BBC de Londres declarou que “um musico de jazz é um compositor repentista” e admitiu que o jazz não possui apelo para as grandes massas como outros gêneros musicais pois o ouvinte de jazz tem que pensar sobre o que está ouvindo de uma forma intelectual.
Oscar Peterson será sempre lembrado como um dos mais perfeitos e prolixos pianistas de jazz. Sai o homem para dar lugar a lenda.
Todos os pianos do mundo deveriam fazer um minuto de silêncio.

Oscar, obrigado e descansa em paz.

Humberto Amorim
Jazzófilo

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